sexta-feira, 21 de março de 2008


Ela estava tomando certa distância, e a chuva já não lhe permitia voltar. Na verdade permitia, mas qualquer coisa seria razão para o contrário. Ela não podia voltar. Afinal, já havia decidido, ela iria e pronto. Mas se a decisão estava feita, qual o motivo para ela pensar em voltar? Talvez quisesse uma última dança ou um último beijo.Tirou os sapatos que tanto a apertavam, os pés sentiram-se livres. Livres para voltar. A cada passo o desejo de chegar, a cada passo o medo de ser tarde demais. A porta estava aberta desde que saíra. Subiu as escadas, parou ao topo, ofegante. A porta estava encostada e lá dentro ele dormia. Ela se aproximou, cansada, beijou-lhe a testa. Fechou a porta e sem derramar uma lágrima, saiu. Os lábios, trêmulos, arriscaram um sorriso. A estrada era seu único destino. Ela correu. As lágrimas se misturavam com a chuva. Seu coração estava cada vez ficando mais longe.

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